
Durante várias horas Jorge Colombo, designer português radicado em Nova Iorque, quis registar as pessoas e a praça de Times Square em frente ao museu Madam Tussaud na cidade, fixando o olhar no corropio em torno de um carrinho de venda de cachorros daqueles que se encontram a cada esquina. Como ferramenta Colombo tinha apenas o seu IPhone e a recentemente criada aplicação “Brushes” que permite pintar com os dedos no ecrã táctil, como fazem as crianças. Mas as mãos de Colombo não são as de uma criança. O registo de Colombo acabou na capa da edição de 1 de Junho da revista “New Yorker”, agora escolhida como a segunda melhor capa norte-americana de 2009 pela “Time”.
Em tempo de balanços do ano, a revista “Time” elegeu as dez melhores primeiras páginas de publicações norte-americanas editadas ao longo de 2009.
No entender da revista “Time”, a melhor capa de 2009 é da revista “New York”, que em Fevereiro colocou Bernard Maddoff em destaque, com o rosto transformado num grotesco Joker, que remete de imediato para a personagem que o actor Heth Ledger interpretou no filme “Batman - o cavaleiro das trevas”.
Em segundo lugar figura a tal capa da edição de 1 de Junho da “New Yorker” que reproduz a tarde passada por Colombo em frente ao Madam Tussaud.
Para a revista Time, a ilustração, que revela a figura de três pessoas, retratadas como se fossem a sombra de si mesmas, junto a um atrelado de venda de cachorros quentes, não teria importância se estivesse apenas em causa a novidade do uso de uma nova tecnologia. Mas o desenho de Jorge Colombo adequa-se aos padrões “irrepreensíveis” da New Yorker, defende a revista.
Jorge Colombo, que colabora com aquela revista norte-americana desde 1994, voltou a desenhar mais duas capas a New Yorker em Setembro e em Novembro, recorrendo à mesma técnica. E várias ilustrações.
Nascido em Lisboa em 1963, Jorge Colombo vive há vinte anos nos Estados Unidos, desde 1998 em Nova Iorque e a cidade tem sido o cenário eleito para dezenas de desenhos em aguarela centrados em cidadãos anónimos, transeuntes, com quem se cruza.
Fonte: Por Ana Machado, (com Lusa)
Mais um entre tantos portugueses talentosos radicados no exterior. Há imensos ilustradores bons que ainda estão a viver em Portugal. Pena que não há tantas oportunidades para os ilustradores talentosos por se tratar de um mercado com regras muito particulares, extremamente competitivo e, como em outras áreas, ainda não se livrou do assombro da crise.
Se o mercado está em crise e a grande maioria não está disposta a pagar por um Design de qualidade, o que resta para a ilustração?
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